Justiça...foi você que pediu?

"Os 13 menores acusados de estarem envolvidos na morte de Gisberta Salce Júnior, transsexual encontrado morto em Fevereiro passado num fosso de um parque de estacionamento do Porto, foram ontem condenados a medidas tutelares de internamento em centros educativos por períodos que vão dos 11 meses – medida aplicada a cinco menores – aos 13 meses, medida aplicada a seis menores e que será cumprida em regime semi-aberto. Apenas duas das crianças terão apenas a medida tutelar de acompanhamento educativo pelo prazo de 12 meses, pelo crime de omissão de auxílio."

O Primeiro de Janeiro 02-08-2006

Para o colectivo de juizes que julgou este caso horrendo e macabro é isto que merece alguém que tira a vida de outra pessoa. Independentemente do individuo em questão (transexual assumido), e independentemente do facto de eu também não compreender nem concordar com certas formas de sexualidade, nada, mas mesmo nada, justifica a barbárie que estes 13 jovens cometeram...e muito menos esta sentença proferida ontem. Mais uma vez a justiça (?!?!?!?!) portuguesa sai lesada e desacreditada!

Eles vão ser internados em centros educativos...mas isso já eles estavam! Que sentença é esta? Que país é este onde matar e, como se isso não bastasse, profanar o corpo de alguém não traz consequências de maior e tudo fica numa boa, olhando para a frente como se nada se tivesse passado?

Mas qual não é o meu espanto quando vejo o seguinte parágrafo na noticia:

"O Tribunal de Familia e Menores do Porto, conforme lido no acórdão, deu por provado que três dos acusados visitavam com frequência Gisberta, sendo que um deles conhecia a vítima desde os cinco anos, e muitas vezes auxiliavam a transsexual com bens alimentares. Entre Janeiro e Fevereiro, data dos factos, estes três menores terão comentado com os colegas que “Gisberta era um homem que parecia mulher”, tendo estes querido então conhecer a vítima. A 15 de Fevereiro, leu-se, a situação “descambou e começaram a dar porrada”. Segundo o acórdão” “todos agrediram a murro e pontapé. Um deles na confusão queria que Gisberta baixasse as calças para ver se era homem ou mulher”. No dia seguinte, no parque de estacionamento do edificio inacabado do Campo 24 de Agosto, os jovens voltaram e “perguntaram se precisava de ajuda”, tendo voltado a dar porrada e destruído a cabana feita de barrotes onde dormia Gisberta. Os maus-tratos prosseguiram nos dois dias seguintes, sendo que a 19 de Fevereiro Gisberta já quase não falava. Já no domingo, 21 de Fevereiro, ao aperceber-se que a vítima estava inanimada, os acusados “achavam que precisava de um funeral”. Segundo o tribunal, como não possuiam os instrumentos necessários para enterrar pensaram em queimar o corpo, o que não acabou por acontecer por recearem atrair atenções e serem culpabilizados. No dia seguinte voltaram ao local e três decidiram atirar o corpo para um poço com os barrotes."

Ou seja, mesmo com esta descrição dos acontecimentos e tendo ficado provados todos estes factos, os bárbaros assassinos (e nem me venham falar da idade deles porque até um puto de seis anos sabe que agredir e matar alguém é errado quanto mais com estes requintes de malvadez...) apanharam no máximo...13 meses num centro educativo!

E eu pensei: bem, a justiça (?!?!?!) portuguesa não pode descer mais baixo...

Mas como é óbvio estava errado:

"À saída, Pedro Mendes Ferreira, advogado de um dos menores a quem foi aplicada a medida tutelar de 13 meses, lamentou que a medida não acompanhe a reintegração, sendo certo o recurso. O causídico adiantou ainda que já conversou com a mãe do menor e que está a ser estudada a possibilidade de avançar com uma acção contra o Estado português, Oficinas de S. José (instituição onde estavam 11 dos menores) e Câmara Municipal do Porto."

Ou seja, afinal a culpa que 13 selvagens (é a qualificação mais suave de que me lembro...) tenham feito o que fizeram é do Estado, da instituição que lhes colocou comida na mesa e da Câmara do Porto! Tudo bem...agora já sei que quando não for aumentado posso matar alguém que depois posso culpar a empresa onde trabalho porque não me aumentou! E que dizer de todas as pessoas que têm conhecido o desemprego nestes últimos anos em Portugal? Força, matem alguém que depois podem culpar o Estado porque não vos deu hipóteses de ficar com o vosso emprego!

Vamos todos matar alguém só porque é giro...como diriam as tias de Cascais "que falta de chá" andar a matar galinhas na quinta ao fim de semana! Bora matar alguém para ver como é! Depois culpamos o Estado e pedimos uma indemnização!

Só ainda não percebi como é que continuamos a jogar em massa no euromilhões quando a galinha dos ovos de ouro estava mesmo aqui ao nosso alcance...é só cometer um crime, culpar o Estado e pedir uma indemnização!!!